O Filipe tem amigos. E tem o número de telemóvel de quase todos gravados no cartão do seu Vodafone 3G. E foi neste Natal que percebeu que só tinha o número de quase todos os amigos. Porque conseguiu receber, entre as 124 mensagens de Natal, quatro ou cinco de um número desconhecido. E aí percebeu que, ou tem amigos dos quais não se lembra, ou não tem memória suficiente no telemóvel, ou então recebeu mensagens de pessoas com quem falou 2/3 vezes, mas que ficaram com o seu contacto. Detenhamo-nos sobre esta hipótese. Ora essas pessoas agarram numa das 1001 mensagens pré-cozinhadas que existem um pouco por todo o lado e usam uma funcionalidade muito porreira que existe nos telemóveis. Que é: mandar a mesma mensagem para toda a lista de contactos. Óptimo, não dá trabalho nenhum, marca-se presença, ganha-se alguma simpatia (o destinatário exclama: olha o/a gajo/a lembrou-se de mim, que simpático) e ainda se consegue fazer com que a outra pessoa se sinta obrigada a respoder. O único senão é mesmo o preço que se gasta, consoante o número de vítimas, mas também é só uma vez por ano. Quer dizer, depende da modalidade. Porque os mais poupados mandam uma mensagem no Natal, que dá também para o Ano Novo. Outros há, mais endinheirados ou mais distraídos, que mandam duas mensagens diferentes (atenção, este diferentes é só entre o Natal e a passagem de ano e não diferentes para cada pessoa) a 24 e a 31 de Dezembro. Dos primeiros, o Filipe deixa um exemplo: “Natal feliz e um trenó cheio de coisas bonitas. Que 2006 seja ainda melhor que 2005”. Mas há mais exemplos de mensagens:
Há as moralistas: “Natal não é uma vez por ano. Nem sequer é todos os dias. Natal deve estar sempre no nosso coração. Sem materialismos nem presentes ‘obrigatórios’”.
As good vibes: “Que o pai natal não se esqueça de ti e te deixe um saco cheio de boa onda e alto astral”.
As vagas: “Um santo e feliz natal, na companhia de todos”
As poéticas: “Desejo que o teu coração se inunde de sentimentos lindos para que tenhas 1 SUPER MEGA FELIZ NATAL! Como queremos sempre melhor, que o teu ano de 2006 seja FANTÁSTICO”.
O Filipe ficou a achar que tem muitos amigos, mas, na verdade, a maioria das pessoas que lhe enviaram uma mensagem de Boas Festas, nem sequer olharam para o nome dele. E, em muitos casos, terão mesmo mandado para números fixos, para o número de apoio a clientes e para o número da esquadra de polícia. O Filipe aprendeu este Natal que pode não ter muitos amigos, mas ao menos tem o número de telemóvel gravado nos telefones de muita gente.
1 comentário:
Cláaaaaaaaaudiuuuuu! Estou a contar consigo nos meus anos! Se quiser traga a esposa!! Beijuuu!
Enviar um comentário