quarta-feira, 31 de maio de 2006

Maria de Lurdes Rodrigues sugere Escolas Chinês?!


Numa declaração ao Ventoinha, feita muito à pressa na casa de banho do Tavares Rico e enquanto ajeitava a cinta, Maria de Lurdes Rodrigues sugeriu um modelo que vai revolucionar o Ensino em Portugal. Na tentativa de lutar contra o famigerado insucesso escolar e contra os elevados custos do material didáctico, a ministra sugere que se crie um protocolo com fornecedores, e alguns, se não todos, professores chineses, dando origem à criação, dentro das escolas, de lojas do Chinês. A ideia fundamental, deste projecto Escola Chinês, é utilizar manuais em chinês, lápis e borrachas produzidos por meninas alimentadas a arroz, salas da morte para as faltas disciplinares (mas com cores garridas e posters dos D’ZRT e do Mao), carregadores para telemóveis, sais de banho, chao min de barata, fichas triplas e uma edição Rosa Deluxe do “Livro Vermelho”, tudo a um preço reduzido. As associações de pais já se fizeram ouvir e concordam, pois, como chegou a afirmar Juvenal Barrasco: “O ensino está muito caro!”
Este protocolo, que vai ser apresentado em assembleia quando o João Almeida atingir a puberdade, vai ainda contar com a participação de Badaró, que se mostrou tão entusiasmado que chegou a gritar “Eu eispilico voceis só compilicam!” em plenos pulmões, tendo sido imediatamente transportado para as urgências do Hospital de Santa Maria por lhe ter rebentado a aorta.

sexta-feira, 26 de maio de 2006

Provérbios Provados :: Provérbio em capítulos - Cap. II

Como não há regra sem excepção, não é assim tão exacto dizer que toda a gente por essas terras evitava o Mendes e dele fugia como do diabo. Em Vila Bela o Mendes tinha uma cliente fidelíssima, tão bela de seu nome como a vila, que era a Belinha da retrosaria. A Belinha manifestara desde criança uma forte apetência para a leitura, mas infelizmente não houvera dinheiro na família para ela poder ir estudar para a Cidade Grande. O pai, o Tó Marmeleiro, que era alfaiate, até costumava dizer: "Tomara eu que a miúda não gostasse tantos dos livros, que havia de tornar-se uma bela costureira".
Foi assim que Belinha começou a trabalhar na retrosaria familiar e enquanto enrolava carrinhos de linhas e desfiava meadas, sonhava-se a tecer o manto do Tempo com as ninfas gregas. Grande parte do seu salário destinava-se à mercadoria da carripana do Mendes. Ele trazia-lhe livros por encomenda, desdobrava-se em ofertas de revistas e atenções. Tó Marmeleiro começou a desconfiar das constantes aparições do Mendes e do seu palavreado complicado, via como a Belinha se derretia ao ponto de falar com voz de mel e um dia, à hora de fechar a retrosaria, chamou-a à parte e disse-lhe:

- Podes casar com quem quiseres contanto que cases com o primo Manel.

by Gui

sábado, 20 de maio de 2006

Proverbios Provados :: Proverbio em capitulos

Desde tenra idade conhecido por "filho do Mendes", a dada altura passaram a chamá-lo apenas Mendes, tal como seu pai e o seu avô antes dele. Estranhamente, nenhum tinha realmente por apelido Mendes, mas esse era um costume antigo de Vila Bela. Já o seu melhor amigo e companheiro de brincadeiras de infância era conhecido por Zé Sapateiro, negócio que nunca prosperou na família, que detinha há várias gerações uma taberna. O verdadeiro nome do Mendes na verdade não nos interessa.
O Mendes vendia enciclopédias por toda a concelhia na sua velha carrinha. Tarefa ingrata, a do Mendes, vender palavras a retalho a gentes mais habituadas às pedras e à lavoura. Nem mesmo os livros de orações e de culinária, nem sequer os mapas das colheitas, conseguiam entusiasmar a clientela. Ficavam a olhá-lo em silêncio, coçando a cabeça hesitantes, enquanto o Mendes explicava a importância das obras numa torrente de frases. Não lhes passava pela ideia gastar dinheiro naquilo e o desconforto era enorme por não perceberem o palavreado. Por isso, evitavam-no. Quando se sentia pelas aldeias o troar da carripana, logo se estendia a notícia e os largos das igrejas esvaziavam-se como que por encanto... E não fosse a proximidade com os santos, quase se poderia dizer que aparecera o diabo em forma de gente. Os homens abandonavam os baralhos e os copos três e as mulheres corriam a fechar janelas e portas, mesmo se em hora de aleluias.



- Falai no Mendes e à porta o tendes

by Gui

terça-feira, 16 de maio de 2006

Caixa de correio - estou maravilhado!

Eu confesso que estou maravilhado com os últimos mails que temos recebido na caixa de correio do Ventoinha. Há de tudo, mas este merece ser divulgado. E juro que não recebo qualquer comissão - mas devia! Ah, não tive coragem de entrar no site... Peço que atentem na espécie de P.S.

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Que a paz do Senhor Jesus Cristo seja sobre sua vida!
Anunciamos a chegada de um material inédito:
- Um CD contendo um acervo de 2.780 estudos e esboços evangélicos da Palavra de Deus, para auxílio nos estudos, além de diversos outros recursos: Biblia Sagrada para instalação no computador, papéis de parede, centenas de louvores cifrados, hinos cristãos e um brinde especial.
É a ferramenta ideal para os estudantes da Palavra de Deus, pois o material do CD é extremamente organizado. Uma verdadeira "biblioteca digital".
Para todas as informações, por favor acesse o site: www.cadernocristao.com

No amor de Cristo,
Cadernocristao.com - contato@cadernocristao.com

Nota: PREZADO USUÁRIO: SE NOSSO E-MAIL O OFENDEU OU PREJUDICOU DE ALGUMA FORMA, PEDIMOS SINCERAS DESCULPAS. PARA CANCELÁ-LO, POR FAVOR REPLIQUE ESTE E-MAIL COM O TÍTULO "CANCELAR" E JAMAIS ENVIAREMOS EMAILS NOVAMENTE. OBRIGADO PELA COMPREENSÃO!!!

Exclusivo Ventoinha: Charcutaria no Vaticano bate-se pelo preservativo

“Corremos tudo a salpicão!”, foi assim que Giulliano Mortadella, dono da "Charcutaria Apóstolo", se manifestou durante a tarde de ontem devido à relutância do clero em aprovar o uso do preservativo na embalagem de enchidos. “Não há direito! Estes abatinados, que passam a vida a encher chouriços, não deixarem um homem embalar o salpicão. Súcia de fiambres da pá, é o que são”, continuou, visivelmente indignado, Mortadella. Segundo consta nos anais do Vaticano, o preservativo não é muito bem visto, pois provoca algum mal-estar e desconforto, podendo chegar à alergia, se mal aplicado nas práticas menos católicas dos espíritos mais católicos. Mortadella, que até aqui só desejava embalar o salpicão, até porque arranjou preservativos de orégãos que dão um sabor extraordinário ao enchido (opinião imediatamente secundada por Desiderosa della Mortadella, sua mulher), só pede a Deus que esta relutância do clero não resulte numa censura à laia da Inquisição, o que, segundo diz o próprio Mortadella: “Seria forçado a embalar no mercado negro, e isso a mim, e à minha Desiderosa, vai custar um bocadinho mais…”

segunda-feira, 15 de maio de 2006

A Maravilhosa Adolescência de Raul, o Lobo Preto

Raul era moço novo.
Tinha dezoito anos feitos há coisa de duas semanas quando decidiu brincar com o seu sexo. A educação, que tivera até então, nunca lhe havia permitido tal comportamento; tinha sido criado num colégio interno cujo governo pertencia a uma ordem religiosa. Raul tinha antecedentes, uns zunzuns nos corredores do colégio incriminavam o pobre rapaz. Dizia-se que era fanático por lingerie eclesiástica, mas, tal nunca se provou. Ainda na sua vida de reclusão, começou a ganhar interesse pelas práticas de Lúcifer, o homem que trabalhava no talho e que todas as manhãs levava carne fresquinha para o colégio. Raul sentava-se numa cadeira em frente à janela, todos os dias por volta das sete e meia da manhã, para ver Lúcifer chegar com as mãos cheias de sangue. Raul vibrava. Começou a sacrificar baratas e outros pequenos insectos que encontrava no dormitório, ambicionando tornar-se Lúcifer, ou como ele. Na ânsia de vir a ser tão grande como o homem do talho, decidiu adoptar um nome: Raul, o Lobo das Trevas que Sacrifica Tudo o que Mexe em Nome de Lúcifer, mas este nome era muito comprido, nem sequer cabia nas t-shirts que fazia, nem no logótipo que havia imaginado. Como gostava da lua cheia e porque ganhara o hábito de matar galinhas e passarinhos, dissecando-os, por puro gozo e para aprender a desmanchar peças, adoptou então um nome mais simples: Raul, o Lobo Preto. Foi gozado no colégio até fazer os seus dezoito anos.
É importante referir que o nascimento dos primeiros pelos púbicos, bem como toda a adolescência de Raul, que deveria ter sido passada a explorar-se, redundaram numa grande alergia ao plástico, pois tentou, vezes sem conta, cortar os pulsos com facas de piquenique e peças mais pontiagudas dos Playmobil. Não admira que só tenha brincado com o seu sexo com a idade de dezoito.
Hoje, com as tecnologias da informação cada vez mais acessíveis (até um homem do talho que se veste de preto e tem a mania que os Moonspell vão mandar no mundo um dia destes manda e-mails sem imaginação), recebemos uma mensagem de Raul que, entretanto, com a liberalização e internacionalização do mercado das carnes, passou de Lobo Preto para Black Wolf, esse grande amante das trevas que após a sua habitual purga uiva coisas sem pés nem cabeça.
Fica prometido, em exclusivo para o Black Wolf, um calendário das luas para pessoas aluadas!

domingo, 14 de maio de 2006

Prémio longevidade para cronista-provérbio

A pedido dos nossos leitores, e por nossa própria vontade, serve este singelo post para homenagear a nossa cronista-provérbio, Gui! Pois é, parece que foi ontem, mas já lá vão 20 semanas com novos provérbios. Quanto à qualidade, é melhor não falar muito, senão qualquer dia esta histórica rubrica ainda passa para o blog do Pacheco Pereira. Depois, uma homenagem já que a Gui foi a única cronista que se aguentou e que continua a querer aturar-nos. E, por fim, porque os provérbios e a escrita dela são magníficos. Estes provérbios ainda vão ser famosos, oiçam o que vos digo!

Numa espécie de emissão Ventoinha Memória, fica aqui o anúncio à nova cronista, a 6 de Dezembro de 2005:

Caros ouvintes e telespectadores, entramos agora em directo, com dois carros de exteriores e um repórter a cada 100 metros deste blog para fazer um anúncio que vai mexer com o mundo Ventoinha. E como o mundo lá fora é feito de sinergias, decidimos importá-las para aqui, mas só as que são boas. Garantimos não despedir ninguém, muito pelo contrário. E pronto... agora que está despachada a parte para os anunciantes (estamos em negociações com os Talhos 24), passemos ao que é realmente importante.
Por forma a dinamizar ainda mais este nosso espaço, temos a honra de anunciar:
A partir da próxima sexta-feira (dia 9 de Dezembro), inauguramos uma secção de crónicas semanais. Não pretendemos competir com o Público ou a Visão, mas os nossos cronistas serão bastante melhores. E a estreia está a cargo da Gui, do Coisas que tal, que terá o seu espaço, designado tatarata: Provérbios provados. Nas palavras da brilhante escriba: "Escolherei um por semana e tentarei prová-lo (case study portanto hehehe) por a+b, aliás w+k ou algo assim bem esquisito". Promete! Todas as sextas, por w+k.
Depois, o histórico dos provérbios, em links, que estarão sempre disponíveis ali na barra ao lado (do mais novo para o mais velho).

Obrigado Gui!

Caixa de correio

Bom, e entre os muitos e-mails que recebemos na caixa de correio, estava um curioso. Além dos "enlarge your penis", recebemos uma mensagem sui generis, do Black Wolf. E reza assim:

"Ó Ventoinha, faz-me um filho, quero dizer, faz-me um bico..."

Alguém arrisca uma análise?

sexta-feira, 12 de maio de 2006

Provérbio Provado :: Provérbio Familiar

A minha sobrinha veio trazer à minha vida um arco-íris de alegrias. Podia falar-vos da beleza e da simpatia da Catarina, e da vontade de viver com que acorda a cada manhã, capaz de fazer corar de vergonha qualquer pessimista empedernido. Podia falar-vos do enorme amor que existe entre nós, o mais especial que já alguma vez senti. Quando ela corre na minha direcção com sorrisos de orelha a orelha, sei que me devota um amor incondicional, todo feito de adoração, que nem suspeita da minha imperfeição. Mas venho falar-vos dos esforços da minha sobrinha no uso da linguagem; a Catarina está a aprender a falar e, por preguiça ou falta de necessidade, exprime-se em poucas palavras, sendo o "não" a preferida, repetida incessantemente ao longo do dia, para praticamente todas as situações. Falar em palavras é só um modo de dizer, já que o discurso é mais uma profusão de ditongos e algumas consoantes, cujas definições não vêm em nenhum dicionário. Já constrói frases incompletas, algumas a terminar em tom interrogativo, que me dão trabalho a descodificar e a tentar responder com a maior simplicidade e a quase ausência de adjectivos. O uso dos verbos é pobre, resume-se às formas "é", "tem", "góta" e pouco mais, nunca lhe ouvi o verbo querer. Outro dia, observando-a, pensei em como é bom viver neste estado rudimentar da linguagem.

Tenho vontade de te explicar isto, Catarina, mas sei que não vais perceber. Vais aprender muitas mais palavras, sabes, uma nova todos os dias, e chegarás a perceber que existe mais do que uma palavra para a mesma coisa. E depois irás para a escola e saberás que as letras que estão nos livros têm significados, e aprenderás a juntá-las formando frases que poderás ler e desenhar. E perceberás que as palavras não são todas iguais porque são classificadas em grupos, mediante definem uma acção, uma coisa ou uma característica. Tanto trabalho, Catarina, para um dia teres um discurso completo e elaborado, recheado de sinónimos, definições e estados de alma. Para constatares, algures na idade adulta, que muitas vezes mais vale estares calada. Todo o esforço te fará um caminho inverso no regresso ao silêncio, quando compreenderes que o vento leva mesmo as palavras como se diz, que muitas não encontram eco a não ser dentro da tua cabeça, que os ouvidos dos outros estão sem paciência. E terás saudades deste tempo onde agora te vejo, Catarina, na perfeita dimensão da palavra saudade, que é a de se querer reaver algo de que nem temos lembrança. Goza este momento de simplicidade, era o que te diria se conseguisses perceber. A Mi vai ensinar-te mais palavras...

 
- O silêncio é de ouro, a palavra é de prata


by Gui

quarta-feira, 10 de maio de 2006

Exclusivo Ventoinha: Miró pintou obra relativa ao crescimento económico português

Vários cientistas anónimos de um instituto, que tem um edifício muito bonito, e um crítico de arte bastante conceituado no planeta Namek descobriram no decorrer desta semana que Joan Miró pintou um quadro alusivo ao crescimento económico português do fim da década de noventa em diante. A magnífica obra terá sido concebida durante um transe premonitório que ocorreu num jantar entre amigos e que meteu café e lampreia de ovos (pelo menos foi o que disse, ao Ventoinha, o crítico de arte, por causa das cores e assim). Segundo os cientistas, corroborados pelo crítico de arte: “ O quadro pretende representar um gráfico, tendo como pano de fundo a confusão, um cabeçudo, uma maioria absoluta, um desempregado, duas senhoras a discutir no Minipreço por causa da última lata de feijão encarnado das mais baratas e uma tímida azeitona descaroçada”. José Sócrates gostou do quadro e afirmou que já sabia da sua existência, assim como sabe que Portugal vai vencer, e acabou a dizer: “Se o Miró fosse vivo, encomendava-lhe o mural do aeroporto, mas nunca sem lhe dar primeiro um tapinha na cara por causa do gosto horrível que tem na escolha das cores”.
Eis a obra:

terça-feira, 9 de maio de 2006

Notícia Ventoinha: Última Hora

Na emergência das políticas de natalidade o Ventoinha sabe, em primeiríssima mão, que o executivo de José Sócrates vai lançar uma grande campanha.
Esta nova campanha, que dá pelo nome "Engravidar Portugal!", foi imaginada na totalidade pelo brilhante executivo português e vai contar com Pedro Santana Lopes para desflorar virgens e esfrangalhar mulheres adultas, desde que em idade fértil. Pedro mostrou-se bastante entusiasmado. Sócrates teme pelos seus comportamentos, assim como Paulo Portas e Cláudio Ramos, não vá o diabo tecê-las e temos o Santana a amarinhar pelas costas destes três marinheiros de açude. Mesmo correndo estes riscos, e com vista a rejuvenescer a população, José Sócrates está disposto a pagar a Santana Lopes uma quantia proporcional à quantidade de esperma por centímetro quadrado. Estando o esperma de Santana Lopes – e isto segundo o Nasdaq – ao preço de um SMS por colher de chá, desconfiamos que vai enriquecer. Mas, as medidas não ficam por aqui. Para que este Sandokan da Figueira da Foz (ou Tigre do Oeste Lusitano) dê mais rendimento que os pais das Doze Tribos de Israel, José Sócrates mandou construir uma mansão “a la Playboy”, onde Santana poderá fazer as acrobacias sexuais que aprendeu no “Doces Frios sem Açúcar”, obra de Manuel Luís Goucha que prima pelo possibilidade no impossível, qual Santana com uma cenoura, um chicote, duas latas de chantilly e algumas meninas.
Assim, por este andar, não é necessário andar a fazer contas! É Simplex.

P.S. – As outras possibilidades para levar a cabo esta campanha eram: Tony Carreira, Toy, Camilo de Oliveira, Telmo Correia e Sá Pinto.

domingo, 7 de maio de 2006

Post que demonstra que ao cabo e ao resto o autor até tem razão quando diz que o mundo anda às avessas

Eu só estava a ler a revista, a Vidas, que sai com o Correio da Manhã ao sábado. Na capa da revista vem @ filh@ (isto não é preconceituoso, é puro gozo!) do Nené a beijar o namorado na boca. Isto não tem nada de extraordinário. É uma mulher a beijar o seu homem, uma fêmea a beijar o seu macho. Neste caso, só uma coisa é diferente, é que @ filh@ do Nené só agora descobriu o amor, dantes ele estava muito escondido.
No registo de normalidade que até aqui se vem mantendo nada há que salte à vista. Mas, e para que o autor não passe por embirrento que por qualquer picuinha levanta logo um pé-de-vento, eis que chega o que a mim muito me surpreende e me dá razão quando digo que o mundo anda às avessas. O namorado d@ filh@ do Nené tem filmes favoritos. Toda a gente tem filmes favoritos, é óbvio, mas, no caso deste rapazola, os filmes favoritos são todos sobre como funciona a cabeça das mulheres, a revista Vidas até dá três títulos: “Alfie e as mulheres”, “Hitch”e “O que as mulheres querem”. Muito bem.
Eis o que me faz confusão: se ele é um gajo cujos filmes favoritos são sobre como funciona a cabeça das mulheres e o engate, como é que foi acabar com uma rapariga que já foi rapaz?
Deixo à vossa consideração. Eu já desisti de tentar compreender...

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Provérbios Provados :: Provérbio com nome de canção

Migalhas de pão invadindo a toalha de piquenique, aquela aos quadrados vermelhos e laranja que não saía do porta bagagens durante as férias de Verão. A avó protestava, franzindo o nariz, querendo ver-nos compostos e arranjadinhos, como se sentados à mesa com pratos e talheres num Domingo de Páscoa. A tia Joana, a solteira, trazia sempre as mesmas sandes de pasta de atum, e a mãe fazia as saladas – a de tomate à parte porque o pai não gostava – e descascava a fruta. O tio Alfredo chegava, ruidoso, o fogareiro debaixo de um braço e a geleira com as cervejas no outro. A barriga proeminente do tio manifestava a constante preocupação com o tema: será que o pão chega para todos? é que febra não falta!, apontando a tia Filomena que aparecia carregada de sacos, em passos lentos e ar infeliz, pronta a dar notícia dos mais recentes achaques.

Guardo no cantinho das memórias felizes estes Verões, na época em que fazíamos piqueniques e eu era tão pequeno que nem me lembro onde ficava o pinhal. O meu irmão João era ainda mais pequeno e ainda não tinham nascido os primos, as criaturas distantes com quem não brincámos em crianças nem em adultos. Outro dia perguntei ao João se se lembrava do pinhal mas ele não, e no entanto recordo-me de jogarmos às escondidas, do pai pegar na bola e desenhar balizas com pedras quando se fartava de ouvir a mãe dizer que o tomate fazia bem à próstata. Não te lembras, João, ficávamos horas a jogar à bola com o pai, às vezes a tia Joana, se cansada das conversas das doenças e dos filhos por parir, e o tio Alfredo a fazer de árbitro, afundado na rede que atava às árvores quando se esvaziava a geleira. Alguma vez agarraste nos teus filhos, João, e no automóvel caro, e carregaste cestas de piquenique num pinhal?

 
- Recordar é viver


by Gui