quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

É bonito de se ver!!!

O que eu gosto mais no Carnaval português é não ter de gastar dinheiro numa viagem ao Brasil para assistir aos grandes desfiles carnavalescos. A maioria das localidades do país decidiu de uma vez por todas deixar os cabeçudos e as matrafonas de lado, para abraçar de corpo e alma o fio dental, as mamocas a saltar, os instrumentos do samba e as canções a falar do Durão com sotaque brasileiro.
Em Torres Vedras, por exemplo, até pedra caiu dos céus, mas as folionas lá se aguentaram, a tiritar de frio e com as bochecas do rabo todas vermelhas da má circulação, até ao final do corso. Na Mealhada, em Ovar, ou em Loulé, continua a haver matrafonas, mas não as que fazem parte da tradição do Carnaval português. Estas matrafonas de que falo, são mulheres de todas as idades que, inexplicavelmente, saem à rua com biquinis malucos e plumas na cabeça. Não faltam barrigas salientes, muita celulite e uma forma de sambar que mais faz lembrar o fandango. Os sotiens bem brilhantes, inspirados numa qualquer tribo de Paraguaçu, nunca são suficientemente grandes para acolher tanto peito. A meio do desfile é vê-las a passar com as meias de rede já rotas, a coxear do pé esquerdo porque os ensaios de samba nunca foram feitos com os saltos que levam para os corsos, e com as mãos agrradas à cabeça para impedir desesperademente que o pesado capacete de plumas que levam no cocoruto não se estatele no chão. A juntar a estas tristes figuras, ficam de cama nos três dias seguintes ao Carnaval devido ao frio e à chuva que apanharam no fio dental. Voltem cabeçudos e matrafonas, estão perdoados. São Pedro continua a dar recados, mas parece que ninguém entende!!