domingo, 10 de julho de 2005
Zé João aventura-se na Vasco da Gama – parte III
Zé João não poderia imaginar que um carro semi-novo, mas em bom estado, pudesse mudar o comportamento de uma pessoa. Pela primeira vez decidiu lançar-se à estrada e passear fora do concelho e Oeiras. Foi ele, a mulher Francisca, e os primos Zeca, Júlio e Aníbal. Os três primos iam apertadinhos, rabos com rabos, no estreito banco traseiro do 206. Apertados mas contentes. Decidiram então, num raro dia de emoção, cruzar a Ponte Vasco da Gama, pela primeira vez. Na bagagem ia uma sande de chouriça para cada um e um garrafa de tinto carrascão. Para a Francisca um Trinaranjus de limão dentro do saco térmico, oferecido no Pingo Doce pela compra de quatro embalagens de medalhões de pescada Pescanova. Sensivelmente a meio da ponte, que faziam a não mais do que 60 km/h para apreciar a vista, e sempre na faixa do meio com medo de cair à agua, o carro, possivelmente cansado pela lotação esgotada e bem pesada do carro, começando pela própria Francisca e por anos acumulados de cerveja na saliente barriga dos primos, mostrou a uma luz vermelha no painel de instrumentos, mesmo por cima do ponteiro da gasolina. Parou imediatamente o carro e, zeloso como é, Zé João vestiu o colete amarelo que tinha dentro do porta-luvas, o mesmo local onde o dono do stand o tinha colocado, e foi ver o que se passava. Já fora da viatura, despiu o seu banco e deu o colete ao primo Júlio, para o ajudar. Foram os dois à bagageira e trouxeram o laranja para o Zeca e o verde para o Aníbal, sportinguista ferrenho. O carro começou a deitar um estranho fumo de dentro do capot e Zé João, praticamente em pânico, diz para os primos: “Está avariado!”, ao que os três consentiram com as cabeças, umas ligeiramente mais oleosas do que as outras. Nisto, Francisca lança uns valentes gritos, estava trancada dentro do carro e queria sair. Mas não podia. Dizia ela que queria ver a vista e olhar para a água. Além disso, estava quase destilada, já que as janelas do carro estavam fechadas para não entrar o pó e porque não convém confiar muito em coisas eléctricas. Passou cerca de uma hora até vir o reboque, o mesmo tempo que Francisca esteve trancada dentro do 206 prata. Porquê? Porque Zé João, apesar de zeloso e de pensar quase em tudo, só tinha quatro coletes retrorreflectores no carro, quando os passageiros eram cinco. E como a Manela Moura Guedes ainda não disse que bastava uma pessoa ter colete - uma vez que se encontra de férias algures pelo Alentejo -, Zé João achou por bem manter a mulher dentro da viatura, até porque a Vasco da Gama está pejada de câmaras de filmar e ele tem medo. Logo na estação de serviço de Alcochete, Zé João pediu ao sr. do reboque para parar e comprou mais um colete, à escolha de Francisca, numa espécie de compensação pelo sacrifício. Já menos vermelha nas maçãs do rosto, escolheu o colete cor-de-laranja, obviamente XL. Agora sim, Zé João diz estar descansado e já pode levar a mulher e os primos a passear, mas só depois do seu Peugeot sair da oficina, coitadinho.
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4 comentários:
Aprecio bastante a ingenua pachorra do Zé João, dá um bocadinho de pena. Já o autor não participa da mesma opinião que eu, coitado do homem, Cláudio! eheheheheheh, muito fxe
Ele é assim mesmo, e não se importa com os que as pessoas dizem, é pachorrento, tranquilo e só não se deixa enganar nas contas. A única coisa que o tira do sério.
Estou fã do Zé joão! :)
Até ao próximo episódio vou.me contentando em descobrir outros zés joões que andam por aí...
lolllllllll
Muito bom Cláudiuuu!!!
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