domingo, 30 de abril de 2006

Post do trinta e um

Chica do Russo, lá do bairro a mais vaidosa, anda metida em prantos, e para ela vai esta prosa.
Pois que o Russo, seu marido, empertigado taxista, tinha emprenhado pelo ouvido que havia no bairro artista. Oh, se só artista fosse!
Era o Antunes do Bica d’Ouro, o café lá da esquina, que por ter no burgo um tasco se armava aos cucos com a menina.
Ora, a Chica, que até era formosa, também se julgou com virtude, mas dando trela ao Antunes, danava o Russo amiúde.
A dada altura, estando eles no Bica d’Ouro, o Antunes vá de fazer olhos à menina. O Russo foi-se ao Antunes e pregou-lhe uma lamparina. Para além do “trinta e um” que ali se armou, veio o sogro do Antunes e ao Russo se mandou, e foi-se a ele como gatos a bofe e deu-lhe tantas ou tão poucas que nem cabem nesta estrofe.
Pois é… não estivesse lá a vesga de seu nome Julieta, que alarga d’ombros quando lhe dá a veneta, estava o caldo entornado e o Russo na sarjeta.
Com a Chica não se passou nada, escondeu-se ao pé do bilhar, mas no outro lado da sala era só mobília a voar. Vá de mesas e cadeiras, e a Julieta pelo meio, o Antunes meio tonto e o sogro sem freio. O Russo, coitadinho, que vestiu muita porrada, andava p’rali aos tombos sem poder fazer mais nada.
Nisto, e para que fique na história, aparece a mãe do Russo, a florista Vitória. Ora… a Vitória viu o filho naqueles cuidados, só não chamou santos ao que estavam e fê-los em bocados: foi o sogro, foi o Antunes, só sobrou a Julieta, porque estava na mesma equipa, tudo o resto que ali estava levou porrada de três em pipa.
“Ah, mulher valente!”, gritou o Amândio engraxador, “Se bates assim em tanta gente, dá-me a mim o teu amor!”.

Ó Chica!, queres lá tu ver, acabaste com o teu casório e nasceu outro sem querer…

4 comentários:

Margarida Batista disse...

hehehehhehe maravilhoso!!!

Anónimo disse...

"ah mulher tesa!!!" ;)

Marcaquinho do Chinês disse...

obrigado! ;) estou a cozinhar o episódio do casório! eheheheheheh

Cláudio disse...

Ah granda Chica!!!! :D