quinta-feira, 30 de março de 2006

Post que dá umas luzes sobre o próximo blockbuster do cinema português: “Bela, a Adormecida”

“Se ela dormir outra vez, como-lhe a prima e mato o irmão mais novo”… eis o argumento principal de um filme que pretende arrancar “O Crime do Padre Amaro” do top das bilheteiras nacionais. “Bela, a Adormecida”, filme escrito e dirigido pelas equipas do Correio da Manhã e da LUX, conta a história de um amor, que podia ter acontecido, entre uma rapariga que dorme nos transportes públicos quando vai para o trabalho e um rapaz que ninguém come por otário.
Belinha, a Adormecida, moça castiça que trabalha no refeitório de uma escola na Ajuda, apanha o 60, e aí conhece João Ricardo, mais conhecido na zona de Alcântara pela alcunha de Trigo Limpo, pois são sobejamente conhecidos os homicídios que cometeu por causa de jogos na máquina de flippers. João é um rapaz esclarecido, gosta da sua mini; Belinha sonhava ser atleta nos Jogos sem Fronteiras, quis a sorte, nas suas tropelias, que apanhasse uma doença do sono, deitando assim por terra as suas aspirações. No obliterar do bilhete e no barulhinho irritante dos leitores do Lisboa Viva, esconde-se o Amor. João é meio vesgo, uma navalhada que levou nos santos quase lhe cegou a vista, e a marca ainda lá está; o olhar de Bela é tão ou mais pungente que o fio da navalha, aquela graduação dos óculos dá-lhe arzinho de toupeira, e o buço também faz das suas. João sorri, ao obliterar. Belinha tem passe.
Passada a cena quente, em que a chispa do Amor não foi mais que um curto-circuito no leitor dos cartões, os dois ocupam os seus lugares; João fica em pé, atrás dos lugares individuais, entre um sovaco e o olhar de uma velha de naftalina; Belinha, que não é deficiente mas anda com um atestado médico dobrado e desbotado dentro da mala, para provar a tal história da doença do sono, aproveita-se dos lugares vermelhos, reprovada, claro está, pelos olhares inquisidores e pelas raivinhas quotidianas sussurradas; ele há idosos com saúde. João entoa o tema de “Streets of Fire” num assobio assaz melodioso, um brilharete conseguido devido a uma falha que tem nos dentes, mais uma mão que lhe havia caído em cima num dia de festa. No êxtase do refrão, João assobia mais alto, olhando “à matador” para Belinha; o clímax de tão bela performance deu-se já ia o 60 no Calvário e a Belinha já tinha adormecido, com o saco dos tupperwares entre as pernas…

Quem viu a ante estreia garante que a frase: “Se ela dormir outra vez, como-lhe a prima e mato o irmão mais novo” é o momento mais alto do filme.
O Ventoinha entrou hoje em conversações para ver se há possibilidade de transcrever a história na íntegra.

5 comentários:

último! disse...

Para "bater" O crime do padre Amaro só se a Belinha andar nua nos transportes publicos!

Marcaquinho do Chinês disse...

sergonov, o que sugeres dá-me uma bonita ideia, eheheheh, vou aproveitá-la quando o Correio da Manhã e a Felipa Garnel nos derem o aval... no próximo post, é o que é! obrigado... ehehehehe

Leididi disse...

lollllllllllllllllllllllllllll
Brilhante, pá!!

Anónimo disse...

A premissa é o que dá uma certa piada à descrição promenorizada e bastante pictórica do encontro fugaz entre os personagens da história. Posto isto quero só dizer a atenção aos promenores está digna de um Proust...vê bem, um Proust ( o indíviduo que descreveu em 60 paginas o acto de acordar ) mas ja me estou a alongar neste comentário. Em suma este texto tem laivos de génio rapaz tens o dever de desenvolver esse talento tendo a arqué como guia...

Anónimo disse...

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