sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Parece mentira...

O título é um dos pensamentos que me assalta a cabeça de cada vez que penso nisso. Nunca andei de Pendular. Ou melhor, nunca tinha andado. Até ontem. Em mais uma acção de trabalho, tive que vir ao Porto (mais propriamente à Maia) à apresentação de um novo automóvel. Feliz e finalmente fui e voltei de Pendular. Digamos que gosto muito de andar de comboio, mas há algumas notas curiosas:
  • O Pendular está claramente subaproveitado. Muito pouco é o tempo que circula na casa dos 200 km/h. O máximo que marcou no display interior (que eu tenha visto) foi 225 km/h e foi só para mostrar que consegue lá chegar. É uma espécie de ‘é bom não foi?’. Mais de metade do tempo vai a uma média de 120/140 km/h, havendo muitos troços onde não passa dos 60! Manifestamente pouco. 3 horas até ao Porto (uma eternidade que se passou bem apenas por ser a primeira vez) e no regresso um pouco menos. 

  • Falar-se de TGV é completamente ridículo quando há um óptimo comboio que anda a menos de metade da velocidade do que podia por causa de uma linha sobrelotada e de falta de infra-estruturas. Por isso, depois de andar no Pendular, se houvesse um referendo votaria claramente ‘Não’ na construção do TGV entre Lisboa e Porto. Lisboa-Madrid, sim. 

  • As linhas de comboio são uma miséria em Portugal. Mesmo não sendo um expert nesse campo, já fiz várias viagens de férias em alguns países da Europa e aqui é curioso como a vista do comboio é sempre para o que se quer esconder das cidades. Barracas, descampados, lixeiras a céu aberto, sucatas abandonadas, casas que são autênticos mamarrachos, contentores, enfim, uma vista pouco simpática, tirando as excepções de algumas zonas de Lezíria, do Porto ou a chegada a Lisboa. 

  • Tive o privilégio de poder fazer a viagem em classe Conforto. Confortável, volto a dizer que o comboio é muito bom, mas o serviço está a roçar apenas o razoável. Direito a um jornal (e não mais do que isso) e a um copo de água (e não uma garrafa) ou de sumo no início da viagem e acabou por aí. Há um pequeno almoço que é servido mediante o pagamento de 5,90 euros (!!!) por um pão gelado, uns condimentos, um prato de fruta ácida e uma bebida quente e um sumo. Fraco, muito fraco (ainda falo eu das sandes servidas a bordo da TAP). 

  • É um meio de transporte fantástico para poder relaxar, ler, trabalhar, dormir, ir completamente descontraído ou apenas poupar a carta de condução por causa dos excessos de velocidade. Mas isso era se demorasse 1h30/1h45, o que era perfeitamente possível e desejável. Deixa de ser apelativo quando se demora 2h45, bem mais do que de avião e até mais do que de carro.

  • Já agora, deviam mudar os bilhetes do comboio, que pararam no tempo, além de o comboio poder ter uma espécie de ‘air show’ ferroviário para sabermos onde estamos e, fundamental, rede wireless gratuita para aceder à Internet no comboio (ter tomadas de corrente é de elogiar). Mas entre todos os problemas, isto são apenas alguns devaneios.
A propósito da viagem, na zona do Porto come-se muito bem e o Lexus IS sofreu algumas melhorias interessantes ao nível da segurança, além de um ligeiro restyling.  

1 comentário:

anDrEIA disse...

"ainda falo eu das sandes servidas a bordo da TAP"... Bem boas quando uma pessoa está sem comer à demasiado tempo :)
Se a Classe Conforto, se limita a um jornal, um copo de água e ao pequeno almoço de 6€'s, é a pobreza total... mais valia comprares um bilhete de avião e 45m depois estavas lá em cima :)