sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

O choque eléctrico

Eu antecipo já o meu dia de reflexão para as legislativas.

Depois do «choque de gestão» do PSD, do «choque tecnológico» do PS e do «choque de valores» do PP, gostaria de propor um «choque eléctrico» para os líderes dos principais partidos políticos portugueses. Não há paciência para tanta inconsequência.

Um teve o brinquedo na mão e conseguiu estragá-lo, aos poucos; outro perdeu a credibilidade e por isso defende que o mundo está todo contra ele. A única pessoa que não o afronta será apenas ele próprio; o mais cristão apregoa-se útil e fomenta o sonho, pelo menos até dia 20, de formar um Governo, mesmo com as previsões que não o deixam chegar aos dois dígitos nas intenções de voto; o mais operário de todos não consegue projectar a sua voz com firmeza e o discurso podia ter sido proferido hoje como há cinco ou mesmo há 30 anos atrás..... ; para terminar há ainda o líder que sabe tudo e que parte para cima de tudo e de todos. Vai colhendo cada vez mais simpatia, o que é provado pelas sondagens. Pode ser a surpresa, mas devia ser lembrado do que defende no papel: a tolerância...

Assim vai a luta política mediática, com um teatro onde as ideias nem precisam de entrar em palco. No meio de tudo isto, há um líder esquecido que está à espreita e vai esfregando as mãos de contente. A abstenção não se importa com sondagens, não diz disparates, não leva facadas nas costas nem pontapés na incubadora, não precisa de se afirmar como a melhor opção e o direito que tem em se expressar é apenas no dia do escrutínio. Aí toda a gente dirá que os portugueses não se interessam pela política... pudera! Quando o debate é doentio e consegue-se falar horas a fio sem apresentar uma ideia e sem dizer algo que realmente importe aos eleitores, é perfeitamente aceitável que assim seja.

Avance-se então com o «choque eléctrico» para que os líderes saiam de dentro das televisões e percebam que quem vota já não tem paciência para tanta mediocridade partidária, da esquerda à direita.

1 comentário:

Anónimo disse...

Vejo aqui um potencial... potencial não... potencialíssimo comentador político!!! Foi o melhor retrato que vi/li até hoje sobre os nossos candidatos.