terça-feira, 9 de março de 2004

De olhos arregalados para a passadeira

Cheguei cedo demais ao Atrium Saldanha. Vou ter que esperar. Tal como eu, entre as 12h30 e as 14 horas são muitas as pessoas que ficam à espera, junto à porta rotativa (que está sempre a encravar). Esperam por um amigo(a), namorada (o), familiar... E esperar à porta do Atrium é um acto cívico. É sempre mantida uma distância de segurança. É a solidariedade de quem espera. Vão olhando uns para os outros, com um ar de compreensão. De repente, a atravessar a rua vê-se alguém que esboça um sorriso na direcção da porta das 'galerias'. Ora, para mim não era, por isso olhei discretamente para ver quem era o sortudo(a) que não vai esperar mais. Cumprimentam-se e zás... menos um.
Fui passado à frente e sou olhado com ar superior, como quem diz: "já me despachei". Ainda antes de pensar sequer num nome feio, chega mais um que fica à porta. Eu continuo com os olhos arregalados para a passadeira. De cada vez que o sinal fica verde para os peões, os meus olhos procuram incessantemente... até ao próximo sinal verde. O processo repete-se. Mas chega a irritar, quando um caramelo qualquer, acabado de chegar, vê a sua companhia chegar. E eu à espera, rodeado de quem pense o mesmo.
Finalmente. Agora sei que o sorriso, por entre dezenas de pessoas na passadeira, é para mim. E prontamente digo que "acabei de chegar", "não faz mal", "nem reparei no tempo a passar". E lá vou, com ar superior, a andar devagar, com a perna arqueada e as costas direitas. Os outros, vão ter que esperar!

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