A poucos dias da ida às urnas nos Estados Unidos Bin Laden lançou um videoclip a solo que - como o Ventoinha já tinha adiantado em notícia anterior - perturbou os dois candidatos norte-americanos. Segundo os analistas políticos da Tertúlia Cor-de-rosa, “Esta não era a melhor altura para Bin Laden aparecer na televisão, está um pouco mais magro e parece, de facto, um terrorista árabe”. Na realidade, os dois candidatos à Casa Branca já declararam guerra a Bin Laden, decidiram eles gravar um videoclip onde aparecerão muito mais arrojados que esse “saudita magrinho!”, citando Daniel Nascimento. Para a memória das promessas eleitorais ficam as ameaças dos dois candidatos, Bush já apresentou Arnold Schwarzenegger como aliado e diz ter os contactos de Tarzan Taborda e Macaco Adriano. Já Kerry, para o combate a Bin Laden, conta com a ajuda de Bruce Springsteen, Padre Vítor Melicias e Badaró – os dois últimos contactados pela mulher. Quem irá ganhar esta guerra para declarar guerra ao terrorismo?
domingo, 31 de outubro de 2004
sábado, 30 de outubro de 2004
Descoberto o pai de Odete Santos
A equipa do Ponto de Encontro, mesmo após a morte de Henrique Mendes, não deixou de trabalhar. Numa última investigação descobriram o paradeiro do pai de Odete Santos, ao que parece, estava perdido nos episódios de Guerra das Estrelas. Ainda com a memória de ser espião de Estaline, o velho pai de Odete trabalhava agora sob o nome de Yoda. Os olhos de Odete encheram-se de lágrimas ao saber que seu pai estava vivo e de boa saúde, a trabalhar para George Lucas. Segundo Yoda, Odete terá nascido de um affair entre ele e Mata-Hari, enquanto passavam férias na aldeia de Pega, Concelho da Guarda. Odete só se lembra de si a partir da altura em que veio morar para Setúbal, daí ter perdido contacto com os pais. Na verdade, mesmo que ela vivesse com a mãe nunca saberia quem ela seria, uma vez que ela era espiã. Apesar de ter visto a trilogia, bem como estes dois últimos filmes, Odete nunca reconheceu o pai. É perfeitamente natural, ela era muito nova quando os deixou. Um abraço neste Ponto de Encontro...
Osama Bin Laden tem novo disco.
Osama Bin Laden tem novo disco. Este trabalho, que dá pelo nome de “Son of a Kebab”, mostra um Bin Laden mais maduro, com outras preocupações, mostra o lado mais terrorista deste músico saudita. Este mago da música contemporânea, ao lado de Bush and the Liars, prima pela composição atmosférica – é de mandar pelos ares. O primeiro vídeoclip de Bin Laden já saiu. Feito a partir do single “Like a Shoarma” é um vídeo que demonstra algumas influências de Peter Gabriel, talvez a roçar o conceito do último vídeoclip de Nikita Krushev “Cuba”. Este é o segundo trabalho de Bin Laden, antigo membro da banda The Al Bombers que, depois de “One Aeroplane Two Towers”, procura agora explorar outros campos da música, não se deixando cair na banalidade dos sons bombistas sem fundamento. O videoclip já surtiu efeito, principalmente nos dois candidatos às presidenciais norte-americanas.
sexta-feira, 29 de outubro de 2004
Rede de mensagens SMS foi desmascarada
Numa investigação, levada a cabo pela taróloga Maya e pelo vocalista Axel, foi desmascarada uma rede de mensagens SMS que, segundo consta, seria a responsável pela maioria dos discursos de Santana Lopes à nação. Segundo a taróloga “Este mês não é muito favorável aos signos de Balança e Gémeos, cuidado com as gripes, Lua está em Escorpião, é preciso ter cuidado com as costas”, já Axel disse que não sabia o que estava a fazer no meio desta reportagem, visto estar só a fazer umas festas no cabelo de Maya. Ao que parece, Santana Lopes terá mandado mensagens para essa rede de SMS para conseguir discursos sem pagar ao assessor. Cada discurso custava a módica quantia de €3,40 por mensagem, e para cada ideia completa eram precisas cerca de cinco mensagens. Bagão Félix adiantou que isto não passará impune ao Orçamento de Estado, “Santana vai pagar as mensagens!”. QUER RECEBER UM DISCURSO REFERENTE AO ESTADO DA NAÇÃO, MARQUE JÁ O 6996, E PODE FAZER SUCESSO ENTRE OS SEUS AMIGOS POLITICOS. Santana olha para ti pá! A que Estado chegaste…
Ea Sports lança novo jogo
Na passada quarta-feira foi lançado em Portugal o APAF2005. Este brilhante jogo, distinguido pelas revistas da especialidade como sendo o melhor jogo de sempre, pretende rivalizar com a realidade do futebol português. Neste simulador nós somos a equipa de arbitragem, somos comprados, vendidos – quais prostitutas – temos clientes favoritos, deliberamos sobre lances claros. No lançamento do jogo estiveram presentes os dirigentes dos clubes nacionais, bem como os dirigentes da APAF. Os primeiros a experimentar o jogo foram João Loureiro e o seu pai. João Loureiro foi o quarto árbitro e o Major Valentim foi o resto da equipa de arbitragem. Em entrevista João disse “ Eu gosto muito de ser quarto árbitro, o meu pai sempre gostou de controlar tudo”, já o Major, com a frieza que já lhe é conhecida, disse “O meu filho não percebe nada disto, ele queria ser vocalista, eu queria que ele fosse mentiroso […] Está visto que ele faz o que eu mando”. No meio da emotividade ainda houve tempo para ver um abraço entre Pinto da Costa e Olegário Benquerença, este último é uma personagem do jogo.
Operação “Outono 2004”
A operação “Outono 2004”, lançada pela GNR por causa do fim-de-semana grande que se aproxima já deu frutos. S. Martinho foi apanhado em contra-mão com um quilo de castanha e com quase dez litros de água-pé. A princípio estava tudo bem, mas veio a descobrir-se que S. Martinho estava metido num negócio ilícito e que a quantidade de castanha que transportava se destinava ao mercado negro. Junto com S. Martinho viajava um rapaz afegão, que seria o proprietário da quantidade de castanha que vinha dentro do porta-bagagem. S. Martinho encontrava-se embriagado e, segundo consta, em comunicado da GNR, terá tentado agredir um agente com uma faquinha de dar golpes nas castanhas. O agente da GNR, assustado, teve de consumir quase metade da quantidade de água-pé que Martinho transportava. “Há que compreender o perigo e o desgaste da nossa profissão”, adiantou o guarda depois do susto.
quarta-feira, 27 de outubro de 2004
Orçamento de Estado Vs. Código da Vinci
Parecem não ter nada a ver, no entanto existem algumas semelhanças que se podem apontar entre as duas obras. Senão vejamos, o Orçamento de Estado é um grande enredo, o Código da Vinci prima pela mesma qualidade; o Orçamento de Estado é desacreditado pela maioria das pessoas, o Código da Vinci idem; o Orçamento de Estado suscita muita polémica, o Código da Vinci também; o Orçamento de Estado dá azo a Orçamentos Rectificativos, o Código da Vinci dá azo a obras que rectificam alguns factos. Ambas as obras são de uma mestria tal que ninguém percebe os porquês, apesar do enredo do Código da Vinci ser mais fácil de perceber. Um tem Bagão Félix à cabeça, o outro foi escrito por Dan Brown, dois homens (muito estranho, quase conspiração). Ambos podem ser mentira. Os dois dão dores de cabeça e pautam com alguma agrura e fantasia as crenças da classe média. Dos autores, um é laico e diz que Deus não tem nada a ver com isto, o outro é religioso mas acredita mais no Sagrado Feminino, aqui está a diferença.
I.N.E. nega ter discriminado amputados
Numa declaração ao Ventoinha o Instituto Nacional de Estatística negou as acusações feitas aos seus métodos de trabalho. Ao que parece, teriam acusado o I.N.E. de difamar os amputados do nosso belo país. “ O Instituto Nacional de Estatística tem apresentado dados em números reais, de maneira que em vez de aparecerem 3,5 pessoas aparecem 4 nos índices estatísticos, onde estão os direitos das pessoas de 0,1 a 0,9, que, por defeito de fabrico ou por amputação, não constam nos dados estatísticos. Nem toda a gente é perfeita e pode ter o corpo inteiro…” adiantou o Secretário de Estado das Pessoas que por Defeito de Fabrico ou por Amputação São Deficientes Motoras. O porta-voz do I.N.E. António Desvio Padrão garantiu que os números reais não pretendem ser discriminatórios, mas que a partir do próximo mês começarão a contar para as estatísticas pessoas que sejam de 0,1 a 0,9, isto é, pessoas que não possuam todos os membros, por defeito de fabrico ou por amputação.
terça-feira, 26 de outubro de 2004
Santana Lopes perdeu a cabeça?!
O Primeiro-ministro Pedro Santana Lopes perdeu a cabeça. Pede-se a quem encontrar um calhau de enormes proporções, meio abaulado, semelhante à forma de uma uva branca virada do avesso, para entregar em São Bento, por favor. Pode também contactar o Oráculo de Beline, para saber mais sobre o futuro deste belo país.
P.S.- Para além do Ventoinha mais ninguém deu por falta da cabeça de Santana Lopes.
P.S.- Para além do Ventoinha mais ninguém deu por falta da cabeça de Santana Lopes.
segunda-feira, 25 de outubro de 2004
Homenagem... (muito obrigado!)
Quero aqui dar os parabéns ao Marco pela brilhante Menção Honrosa recebida com este conto, atribuído pela Universidade do Porto e inserido no concurso “Uma Utopia para o Século XXI”. Aqui, na Ventoinha, publicamos um excerto desta obra que, brevemente será publicada na revista E-topia. Parabéns e obrigado pela colaboração valiosa, Marco.
Cláudio
“A Cidade de Plúris”
Plúris, 7 de Janeiro de 2025
Caro Miguel:
Em primeiro lugar espero que esta carta, fiel emissora da minha saudade, te encontre de soberba saúde, para que, enfim, a possas ler de uma assentada sem que te falte fôlego, e mais importante, sem que te pare o coração, pois a excitação para que te preparo é algo de inigualável. Temo dizer-te para onde vim, não te aqueça demasiado o sangue, e explicar-te como é lindo e maravilhoso este mundo novo. Em tuas reflexões revelaste, vezes que não foram poucas, o desejo de conhecer uma terra – sendo tudo menos desta Terra – que fosse o sítio em cuja perfeição se envergonha de si mesma. O sítio onde o Olimpo é mero pormenor, repasto de esplendor e beleza, o sítio onde o Sol não se quer pôr. Digo-te, Miguel, tal sítio existe! Perdoa-me a exclamação, porém é pouca, toda a entoação que pretenda exaltar esta cidade, cai por terra como um esforço gorado. Suficientemente intrigado? Ainda não? Esperava de ti a frieza e a calma necessárias para ouvir tal relato sem que te saltasse do peito o coração, mas também te digo que se não cederes pela razão hás-de ceder por esse órgão “cupidoso”, tamanho romântico que és. Não esforces a razão a onde ela não consegue ir, deixa-te antes levar pelo meu relato que, na intempérie do intelecto, é tónico, e no oceano do impossível é farol da possibilidade. […] Esta maravilhosa cidade, pérola luminescente da história humana, alberga, actualmente, cerca de três mil quatrocentos e trinta e cinco habitantes, tem metade do tamanho da cidade de Lisboa e, segundo parece, pois ainda não tive tempo de visitar, tem uma tapada civil fora dos limites da cidade, até aos confins da ilha, que possui espécies conhecida pelos nossos livros de Biologia e outras que nem sonhamos conhecer. Toda a urbe se transforma em jogos de cor, com a alegria e vida dos habitantes e com motivos de mar que enfeitam as ruas e os edifícios. Cá – que contente estou por aqui estar – todas as ruas levam ao centro da cidade, onde se encontram os principais edifícios, os mais altos – uma vez que toda a cidade está pensada em extensão e não em altura – são as Torres Didactis, o principal edifício, e o Armazém de Plúris, uma espécie de mercado grossista para onde desagua toda a produção e de onde se abastece toda a cidade. Ambos os edifícios são de requintada arquitectura, de fino recorte organicista, que ao invés de se destacarem da paisagem urbana, se mesclam com divina proporção e fluidez, qual coração no seu corpo. É ao que se costuma chamar a cereja no topo do bolo. Todas as ruas desta magnifica urbe, onde Deus, com toda a certeza, passeou, são de uma engenharia, que mais parece fina iguaria, para os olhos dos ávidos humanos. O recorte da malha urbana é fluido, embora fechada sobre si, a cidade, permite que hajam fugas, ditas de contemplação, para a sua Tapada Civil. Profundamente inserida no meio onde está, não é bloco de betão sem músculo é antes cristal de lápis-lazúli, espelhando a natureza quase sobre-humana dos seus habitantes e dos seus próprios construtores e arquitectos. Miguel, é como te digo, impera aqui a genialidade, em poucos minutos sabes tudo o que há para saber deste sítio, e em menos tempo te apaixonas, estou deslumbrado e quase molho o papel com as lágrimas, não só porque estou a ver o que de certa forma sonhaste, e é tamanha a emoção, mas porque escrever-te a contar se revela uma experiência sobremaneira injusta. Roçando quase o sarcasmo e o escarninho, parecendo que te estou a fazer pirraça. Não julgues tal, esta carta pode muito bem ser um convite. Contínuo, no entanto, o relato, hás-de visitar este sítio. […]
[…] A ideia fundamental do povo pluriano reside no esforço e no sofrimento de cada um, qualquer pretensão que faças para compreender este sistema sairá gorada, no nosso mundo, tal qual o conhecemos, não existe tolerância e intelecto que alberguem tal ideia. Fundamentalmente, aqui, todos os indivíduos têm todas as profissões – perdoa o absurdo, mas é a verdade. De acordo com a Constituição da Excelsa e Plúridemocrata Cidade de Plúris todo o habitante deve participar da profissão do outro, este artigo visa a compreensão, de todos os indivíduos, das dificuldades e vantagens de todas as profissões. Acabo assim por revelar o outro motivo pelo qual a cidade se chama Plúris. Este motivo é mais forte porque toda a Constituição visa a pluridisciplineiriedade e o pluriprofissionalismo dos habitantes da cidade. É claro que existe toda uma estrutura de ensino que permite o funcionamento de tal sistema, mas revelarei mais tarde, de momento retenho-me a contemplar alguns dos pontos arquitectónicos e constitucionais do funcionamento da cidadela.
Desta forma a própria arquitectura fluida em forma de espiral, e a colocação precisa dos edifícios importantes, fazem desta cidade um sítio único. Uma espécie de osmose constituição-arquitectura faz da cidade um misto entre industrialismo gritante e organismo naturalmente atenuante. A ideia é conservar o habitante para que se sinta em casa a todo o momento, da mesma forma há uma preocupação incrível com a actividade contemplativa dos indivíduos – os habitantes de Plúris são muito dados à reflexão – que prima precisamente pela possibilidade de deslocação que a cidade oferece para fora dela até à Tapada Civil. É um misto de mãe galinha mãe loba, esta cidade, com todo o poder concentrado nela, isto é tudo o que um individuo necessita para viver, como se a cidade tivesse vida e se preocupasse em demasia com os seus “filhotes”, da mesma maneira, à moda de mãe loba, atira-os para fora dela, para o meio da contemplação do selvagem e do misterioso desígnio da natureza. Como disse atrás, nunca se sabe onde começa e onde acaba Plúris, mas sabe-se que existem limites. Plúris é sonho. […]
Cláudio
“A Cidade de Plúris”
Plúris, 7 de Janeiro de 2025
Caro Miguel:
Em primeiro lugar espero que esta carta, fiel emissora da minha saudade, te encontre de soberba saúde, para que, enfim, a possas ler de uma assentada sem que te falte fôlego, e mais importante, sem que te pare o coração, pois a excitação para que te preparo é algo de inigualável. Temo dizer-te para onde vim, não te aqueça demasiado o sangue, e explicar-te como é lindo e maravilhoso este mundo novo. Em tuas reflexões revelaste, vezes que não foram poucas, o desejo de conhecer uma terra – sendo tudo menos desta Terra – que fosse o sítio em cuja perfeição se envergonha de si mesma. O sítio onde o Olimpo é mero pormenor, repasto de esplendor e beleza, o sítio onde o Sol não se quer pôr. Digo-te, Miguel, tal sítio existe! Perdoa-me a exclamação, porém é pouca, toda a entoação que pretenda exaltar esta cidade, cai por terra como um esforço gorado. Suficientemente intrigado? Ainda não? Esperava de ti a frieza e a calma necessárias para ouvir tal relato sem que te saltasse do peito o coração, mas também te digo que se não cederes pela razão hás-de ceder por esse órgão “cupidoso”, tamanho romântico que és. Não esforces a razão a onde ela não consegue ir, deixa-te antes levar pelo meu relato que, na intempérie do intelecto, é tónico, e no oceano do impossível é farol da possibilidade. […] Esta maravilhosa cidade, pérola luminescente da história humana, alberga, actualmente, cerca de três mil quatrocentos e trinta e cinco habitantes, tem metade do tamanho da cidade de Lisboa e, segundo parece, pois ainda não tive tempo de visitar, tem uma tapada civil fora dos limites da cidade, até aos confins da ilha, que possui espécies conhecida pelos nossos livros de Biologia e outras que nem sonhamos conhecer. Toda a urbe se transforma em jogos de cor, com a alegria e vida dos habitantes e com motivos de mar que enfeitam as ruas e os edifícios. Cá – que contente estou por aqui estar – todas as ruas levam ao centro da cidade, onde se encontram os principais edifícios, os mais altos – uma vez que toda a cidade está pensada em extensão e não em altura – são as Torres Didactis, o principal edifício, e o Armazém de Plúris, uma espécie de mercado grossista para onde desagua toda a produção e de onde se abastece toda a cidade. Ambos os edifícios são de requintada arquitectura, de fino recorte organicista, que ao invés de se destacarem da paisagem urbana, se mesclam com divina proporção e fluidez, qual coração no seu corpo. É ao que se costuma chamar a cereja no topo do bolo. Todas as ruas desta magnifica urbe, onde Deus, com toda a certeza, passeou, são de uma engenharia, que mais parece fina iguaria, para os olhos dos ávidos humanos. O recorte da malha urbana é fluido, embora fechada sobre si, a cidade, permite que hajam fugas, ditas de contemplação, para a sua Tapada Civil. Profundamente inserida no meio onde está, não é bloco de betão sem músculo é antes cristal de lápis-lazúli, espelhando a natureza quase sobre-humana dos seus habitantes e dos seus próprios construtores e arquitectos. Miguel, é como te digo, impera aqui a genialidade, em poucos minutos sabes tudo o que há para saber deste sítio, e em menos tempo te apaixonas, estou deslumbrado e quase molho o papel com as lágrimas, não só porque estou a ver o que de certa forma sonhaste, e é tamanha a emoção, mas porque escrever-te a contar se revela uma experiência sobremaneira injusta. Roçando quase o sarcasmo e o escarninho, parecendo que te estou a fazer pirraça. Não julgues tal, esta carta pode muito bem ser um convite. Contínuo, no entanto, o relato, hás-de visitar este sítio. […]
[…] A ideia fundamental do povo pluriano reside no esforço e no sofrimento de cada um, qualquer pretensão que faças para compreender este sistema sairá gorada, no nosso mundo, tal qual o conhecemos, não existe tolerância e intelecto que alberguem tal ideia. Fundamentalmente, aqui, todos os indivíduos têm todas as profissões – perdoa o absurdo, mas é a verdade. De acordo com a Constituição da Excelsa e Plúridemocrata Cidade de Plúris todo o habitante deve participar da profissão do outro, este artigo visa a compreensão, de todos os indivíduos, das dificuldades e vantagens de todas as profissões. Acabo assim por revelar o outro motivo pelo qual a cidade se chama Plúris. Este motivo é mais forte porque toda a Constituição visa a pluridisciplineiriedade e o pluriprofissionalismo dos habitantes da cidade. É claro que existe toda uma estrutura de ensino que permite o funcionamento de tal sistema, mas revelarei mais tarde, de momento retenho-me a contemplar alguns dos pontos arquitectónicos e constitucionais do funcionamento da cidadela.
Desta forma a própria arquitectura fluida em forma de espiral, e a colocação precisa dos edifícios importantes, fazem desta cidade um sítio único. Uma espécie de osmose constituição-arquitectura faz da cidade um misto entre industrialismo gritante e organismo naturalmente atenuante. A ideia é conservar o habitante para que se sinta em casa a todo o momento, da mesma forma há uma preocupação incrível com a actividade contemplativa dos indivíduos – os habitantes de Plúris são muito dados à reflexão – que prima precisamente pela possibilidade de deslocação que a cidade oferece para fora dela até à Tapada Civil. É um misto de mãe galinha mãe loba, esta cidade, com todo o poder concentrado nela, isto é tudo o que um individuo necessita para viver, como se a cidade tivesse vida e se preocupasse em demasia com os seus “filhotes”, da mesma maneira, à moda de mãe loba, atira-os para fora dela, para o meio da contemplação do selvagem e do misterioso desígnio da natureza. Como disse atrás, nunca se sabe onde começa e onde acaba Plúris, mas sabe-se que existem limites. Plúris é sonho. […]
Metamorfose de Kafka agora em SMS.
Nos dias que correm temos de pensar na cultura juvenil, foi a pensar nisto mesmo que a Fundação Calouste Gulbenkian lançou, numa edição de capa dura, a Metamorfose de Kafka na sublime língua, da moda, que é o SMS. A Ministra da Cultura, Maria João Bustorff, exaltou as qualidades da obra chegando mesmo a afirmar que mandaria um SMS para receber o excerto promocional, disponível através do número 3452. Para os interessados aqui fica um excerto de tão aclamada tradução, finalmente podemos ler Kafka numa língua da moda:
Gregório dxviou ntão a vxta p a window e deuh k/ o céuh nubladuh – ouviam-xe ux pingux de xuvah a baterem na kalha da window i ixo fêlu xentir-xe baxtante melancohlicu. Ñ xeria mlhor durmir 1 pc i xquecer td xte delihriuh?- Kogitouh. Max era impoxível, xtava habituadu a durmir p u ladu direitu i na prezente situaxão… na prezente situaxão, ñ pudia virar-xe. Pur + k xe xforxaxe pur inklinahr u korpuh p a direita, turnava xempre a rebuhlar, fikanduh de koxtax. Tentouh, plo menux , 100 x, fxando ux olhux, p evitahr ver ax pernahs a dbaterem-xe, i soh dezxtiuh kuando komeçouh a xentir nu flanku 1 ligeirah dohr nturpexida k nunka antex xperimentahra.
Gregório dxviou ntão a vxta p a window e deuh k/ o céuh nubladuh – ouviam-xe ux pingux de xuvah a baterem na kalha da window i ixo fêlu xentir-xe baxtante melancohlicu. Ñ xeria mlhor durmir 1 pc i xquecer td xte delihriuh?- Kogitouh. Max era impoxível, xtava habituadu a durmir p u ladu direitu i na prezente situaxão… na prezente situaxão, ñ pudia virar-xe. Pur + k xe xforxaxe pur inklinahr u korpuh p a direita, turnava xempre a rebuhlar, fikanduh de koxtax. Tentouh, plo menux , 100 x, fxando ux olhux, p evitahr ver ax pernahs a dbaterem-xe, i soh dezxtiuh kuando komeçouh a xentir nu flanku 1 ligeirah dohr nturpexida k nunka antex xperimentahra.
Marques Mendes já foi mais alto?!
Num estudo, levado a cabo por dois cientistas norte-americanos, um cientista neo-zelandês e um romeno anónimo, ficou provado que o Engenheiro Marques Mendes já foi mais alto. Segundo os especialistas este é um facto consumado, devido a vários testes feitos ao famoso político. Fica assim desfeita a cabala contra Marques Mendes, que defendia que o político subia para cima de um palanque na Assembleia da República, fica também desfeito o mito de que Marques Mendes descende dos Anões da Cozinha Verde, uma linhagem bastante conhecida no meio gastronómico. Apelidado muitas vezes de matraquilho, o pequeno polegar da política nacional tem provas substancias, “Uma fita métrica basta!”, para desmascarar as calúnias e destruir os mitos criados à volta dele. “Eu não sou um Bibelot!” é a campanha que o vai levar a afirmar a sua altura. Marques Mendes espera que haja um político à altura dos seus 1,10m para levá-lo a debate.
domingo, 24 de outubro de 2004
Aprender a partir... (Comentário ao último post)
A letra de Chico Buarque pretende ilustrar uma situação que, senão bastante comum, pelo menos acontece. A situação de encontrarmos o nosso próprio caminho, quando o outro nos ficou com as pernas e com os apetrechos de viagem, é uma situação deveras complicada, de uma delicadeza tal que faz lembrar Berlim no pós II Grande Guerra, parecendo impossível erigir de novo. Os destroços, as feridas abertas com palavras ditas, muitas vezes para protecção de nós mesmos, acabam por fazer levantar do chão os que estão caídos. A despedida é simples quando não existe amor, assim podemos seguir, sem esperar, ou sequer desesperar. Aprender de novo a andar, a erguer a cabeça, tarefa complicada quando os últimos obstáculos têm sido vencidos com duas cabeças a pensar. O facto de não ensinarmos o outro a partir, porque não sabemos fazê-lo, leva-nos a repeli-lo, de uma forma defensiva, como a cobra morde, quando sente a sua integridade ameaçada. E por muito que o outro diga que já está a ir, que já está reparado das feridas, pode eventualmente não estar. A verdade é que as pessoas inesquecíveis não têm por hábito ensinar a esquecê-las, porque é tarefa complicada. A verdade é que sei o que diz Chico Buarque, tanto que se aprende mutuamente que é complicado aprender a partir.
Entre duas vidas que se quiseram...
Entre duas vidas que se quiseram. O chegar tarde para se mostrar arrependido, a simples vontade de não partir, o querer ficar preso, as palavras mal ditas, as cantigas de malandro, as promessas não cumpridas, a falta de compreensão, comprimentos de onda diferentes, mortes em separado, os risos, a felicidade dada sem pedir em troca, o choro, a mágoa, a companhia, na tristeza, na alegria, a espera, o desespero, o estar farto, o não estar farto sequer, a segurança dos sentimentos, a queda em falso, a falsidade da queda, a paixão que engana, as ideias confusas, a amizade, a cedência, a reconquista, a paciência, o afecto, o carinho, a festa, o beijo, os olhos, os segundos sentidos, os ciúmes, as esperanças, as intelectualidades, os apreços, o respeito, o não aprender a partir para longe, o aprender a estar junto, com diferenças, incompatibilidades, arestas por limar, feitios, teimas, o amor, a ilusão, por fim, muitas vezes, os regaços um do outro... por tudo isto esta letra de Chico Buarque:
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
sábado, 23 de outubro de 2004
Mel Gibson é Bilionário…
Mel Gibson, conhecido actor norte-americano, é bilionário. Ao que parece, as receitas do filme “A Paixão de Cristo” renderam-lhe dinheiro de sobra para comprar um pónei para uma menina que morria à fome no Senegal. Em entrevista à Times, Gibson, adiantou que estava muito contente por um filme sobre a paixão de Jesus contribuir em muito para a sua fortuna, chegou até a dizer que vale mesmo a pena ter fé, ora no Totoloto ora em Deus, para não enjoar de nenhum dos dois. Com o dinheiro recebido de tal obra de fé Mel Gibson pretende ainda inundar a capital da Etiópia com gomas, mandar um postal de Natal aos cristãos ortodoxos e erigir uma estátua de Jesus Cristo com olhos de cifrão. Benditas sejam as obras de caridade deste homem de Deus.
quarta-feira, 20 de outubro de 2004
Pequena Sereia desapareceu!
Na semana passada, a localidade de Palheiros de Tocha, uma aldeiazita piscatória ali para os lados da Figueira da Foz, foi assaltada com o boato de que a Pequena Sereia teria desaparecido. Paulo Portas, Ministro não só da Defesa, mas dos Assuntos do Mar (parte do seu cargo especializada nestes insólitos), adiantou que se estavam a utilizar os submarinos comprados para que a pequenita personagem animada não se perdesse para sempre. Segundo o mesmo, após ter conferenciado com o Capitão Iglo, o peixinho Nemo e uma travesti que conheceu numa noite de loucura, “A Pequena Sereia não desaparecerá para sempre! Portugueses, oiçam-me! Eu tenho uma voz bonita, e tenho um sexo perfeitamente normal! De maneira que reuni todos os esforços, para além das Carcaças do Alfeite, para conseguir resgatar a sereiazita, que bem podia ser um tritão! Sempre dava mais gozo!”. Visivelmente transtornado, Paulo Portas abandonou a sala de imprensa gritando que uma vez já tinha salvo Dom Camarão e não lhe custaria nada aliciar um miúdo que estivesse mesmo a precisar de dinheiro.
Fabulosos 4 vão juntar-se de novo…
O Grande Moderno (José Sócrates), O Primeiro-Testa (Santana Lopes), A Paulinha-Submergível (Paulo Portas) e o Foice de Fogo (Carlos Carvalhas), os Fabulosos 4 da Marvel à Portuguesa, decidiram juntar-se de novo para combater os inimigos da Democracia Tuga. Em primeiro lugar, o Grande Moderno, transformará todas as enxadas em agricultores biónicos, com braços de ceifeira, para melhorar a agricultura do país, pretende também enxertar roseiras com algumas sementes de laranjeira (de laranja espanhola, claro!), para ver se de uma vez por todas as rosas passam a ser laranja. O Primeiro-Testa, com o seu poder de construir túneis impossíveis e de gostar de espaços lúdicos (Intendente, Cais-do-Sodré), vai construir um túnel gigantesco desde São Bento até à Kadoc. Paulinha-Submergível, que trabalha sob a identidade secreta de Ministro da Defesa e dos Assuntos do Mar (Eheheh! Que nome!) e tem o poder de comprar submarinos por capricho, vai tratar do problema dos catamarans da Soflusa e vai a uma ou outra feira, se possível daquelas que misturam, no mesmo espaço, sodomia e uma barraca de farturas. O Foice de Fogo, o mais velho dos heróis, um Cavalheiro Extraordinário, vai entrar para um rádio portátil, destes renovados, e fazer com que a cassete soe melhor, para a mensagem ganhar novo fôlego, além disto vai só mesmo sair do partido. Cuidado, inimigos da Democracia, eles voltaram.
General Motors lança Opel Tough…
Em homenagem a José Maria Durão Barroso a Opel decidiu lançar uma nova linha de automóveis que dá pelo nome de Opel Tough. Ao que parece este carro foi concebido a pensar nas viagens à Europa a meio de mandatos, é um carro económico de design moderno, com linhas redondas. Um conceito retirado de uma intensa observação à testa de Dr. Santana Lopes. Gerard Shroeder adiantou que não irão haver despedimentos na Opel, visto que esta linha de carros pretende revolucionar o consumo de viaturas ligeiras. O Opel Tough, um carro que resvala no desportivo, foi pensado para ser rápido, para ajudar na evasão fiscal. Tem espaço na bagageira para sacos azuis… e de outras cores, mas grandes. É versátil, tão versátil que dá para uma pessoa que, a título de exemplo, deixe de ser Presidente de Câmara para passar a Primeiro-Ministro. O carro estará em exposição no Salão de Genebra, isto para que se veja como ainda se fazem bons carros. Ah, é verdade, dizem que é topo de gama!
Afinal ele é jardineiro?!
Na semana passada foi dada por terminada uma investigação ligada, ainda, aos atentados do 11 de Setembro. Esta investigação, pedida pelo concorrente de George W. Bush, John Kerry, tinha como objectivo descobrir o paradeiro de Osama Bin Laden e da senhora que costumava vender farturas logo ao início das Festas de Santo António (da Charneca). Foi uma investigação morosa, com os seus altos e os seus baixos, mas nada a que a V.I.A. (Ventoinha Intelligence Agency) não esteja já habituada. A princípio, e isto depois de colocarmos as nossas “toupeiras” (termo inventado por nós e copiado pelos espiões de guerra dos anos trinta), cujos nomes são Top Secret e Classified (nomes também inventados por nós), a vigiar a residência de férias do presidente norte-americano, julgámos que tanto trabalho não levaria a nada, mas concluímos que Bin Laden é jardineiro em Camp David e que a senhora das farturas continua de baixa.
Bush alega que nunca lhe teria passado pela cabeça perguntar ao jardineiro se ele por acaso não seria Bin Laden, visto que ele está lá a trabalhar já desde o governo de Ronald Reagan, e, segundo parece, pertence a uma empresa de jardinagem chamada “Ayatollah Gardens”, cujo accionista principal, já morto, era precisamente o Ayatollah Khomeini. “Realmente o jardineiro falava numa língua muito estranha, como se estivesse quase sempre com expectoração”, disse George Bush quando se referia ao seu jardineiro. Segundo testemunhas oculares, aquelas que costumam ocular os que são oculados e que, para além disso, usam óculos, Bin Laden terá cometido um atentado, já depois do 11 de Setembro, quando se encontrava a tratar da poda, num corta relva armadilhado, com insecticida. Este pequeno acto, da lida de um jardineiro, levou muita gente a pensar que só um árabe podia cometer o genocídio de forma tão fria… surgiu a desconfiança. Mais noticias em breve.
Bush alega que nunca lhe teria passado pela cabeça perguntar ao jardineiro se ele por acaso não seria Bin Laden, visto que ele está lá a trabalhar já desde o governo de Ronald Reagan, e, segundo parece, pertence a uma empresa de jardinagem chamada “Ayatollah Gardens”, cujo accionista principal, já morto, era precisamente o Ayatollah Khomeini. “Realmente o jardineiro falava numa língua muito estranha, como se estivesse quase sempre com expectoração”, disse George Bush quando se referia ao seu jardineiro. Segundo testemunhas oculares, aquelas que costumam ocular os que são oculados e que, para além disso, usam óculos, Bin Laden terá cometido um atentado, já depois do 11 de Setembro, quando se encontrava a tratar da poda, num corta relva armadilhado, com insecticida. Este pequeno acto, da lida de um jardineiro, levou muita gente a pensar que só um árabe podia cometer o genocídio de forma tão fria… surgiu a desconfiança. Mais noticias em breve.
segunda-feira, 18 de outubro de 2004
domingo, 17 de outubro de 2004
De regresso...
Voltei. Voltei de lá. Voltei diferente. Voltei com vontade de vos abraçar a todos e dizer-vos o quanto são importantes para mim. O quanto me fazem falta. E o quanto me fazes falta. Tu que deixaste tudo e todos para fugires de uma vida que não querias ter e que ninguém te queria dar. Tu, cujo destino percebeu que era a peça que até agora estava a faltar na minha vida. Fica agora com este meu regresso renovado. Nunca te apagues do fundo deste túnel por onde caminho de malas e bagagens. Para que quando chegar a ti, me abraces como só tu o fazes, me levantes os pés do chão e me segredes ao ouvido as coisas que eu nunca sei que vais dizer mas que já imaginava que as dissesses. E guarda esses vestígios de sotaque que trouxeste desse teu longo desaparecimento. Guarda esse sotaque para que eu saiba que o tempo não parou. O tempo não pode ter parado. Os anos têm que nos ter ensinado o que de melhor podemos aprender um com um outro. É o que temos feito. E que bom é voltar. Voltar para ti. Para todos.
A luz
E eis que se apaga a luz. Catrapus! Catrapus! Vai-se o padre, vai a batina, baixa-se, do palco, a cortina, indo tudo a galope, porque a passada a trote não nos demonstra progresso. Mata a luz! Mata a luz! Catrapus! Catrapus! O outro, mal morto na cruz logo foi mais traído que pelo tal de Iscariotes, enforcado na figueira por não existirem escadotes. E que motes, que lemas, que teoremas bastam para matar as escarninhas hienas que se vão valendo das renas para puxar o trenó. Vá, apaga a luz! Catrapus! Catrapus?! Que se o espelho não reluz é porque está avariado, o coitado, lá se vai da imagem a ilusão, depois de tanto plástico lá vem o caixão. E morrem os vermes intoxicados porque consomem, angustiados, os restos mortais de uma Barbie por medida, e que saída?! Deixa estar a luz acesa que se não incendeiam as retinas, se nuns dias vestimos farrapos, logo virão as capas finas, as de cetim. Ouviremos o mundo dizer que nunca viu coisa assim, da aparência se faz de novo ciência e no palco a morte é mote da pureza e da indecência. Deixa então a média luz, lusco-fusco artificial, umas vezes contentes, outras ainda sem nos sabermos parentes do realmente real. Acende a luz que a apagaste sem querer, entre o bem e o mal, entre o aparente e o real, vamos vez em vez beber ao profano ritual. Despe batina! Veste batina! Apaga, acende a luz! Baixa e levanta a cortina! O mundo roda, roda, roda e mesmo no Caos ninguém desatina.
Chefe de gabinete(?)
O primeiro-ministro foi à Moda Lisboa. Até aí tudo bem e nada de estranhar. O que aqui está em causa, e que me parece gravíssimo, é que Santana Lopes terá dormido a sesta antes de ir para o evento. A fonte da notícia é o Expresso, onde, infelizmente, o primeiro-ministro ainda não conseguiu infiltrar Luís Delgado. O gabinete do primeiro-ministro veio, «indignado», desmentir a sesta. O que me parece razoável, porque ninguém admitiria que Santana Lopes acordasse às três da tarde – depois de uma festa íntima em São Bento - e já estivesse a dormir novamente às 17. Portanto, a chefe de gabinete de São Bento, Ana Costa Almeida, declarou: “Acompanhei o senhor primeiro-ministro na sua deslocação à Assembleia da República, de onde saiu às 18h30 e não às 17 como é dito. Depois disso, o Dr. Pedro Santana Lopes não foi fazer qualquer sesta, como é afirmado». A pergunta impõe-se: Como está a chefe de gabinete tão bem informada? Terá feito alguma coisa para que ele não adormecesse?
P.S. - Espero que estejam todos a dormir a sesta e que não reparem que voltei a escrever sobre o primeiro-ministro.
P.S. - Espero que estejam todos a dormir a sesta e que não reparem que voltei a escrever sobre o primeiro-ministro.
sábado, 16 de outubro de 2004
Tó...
Vazio de si, metendo dó, assim andava o pobre Tó, beberricando alegre, aqui e acolá. Falava-se de politica, vazia por si só e fazia trocadilhos inocentes o nosso Tó. Uma ingenuidade gritante, onde se escondia o crítico elegante. Sem ter poder na vida, foi dos poderosos ajudante. Vazio no juízo, que lhe tardava o siso, aparentemente feio, mas mais belo que Narciso, Tó intrigava os ouvintes com palestras e conversas adornadas por um ideal nunca morto. Os requintes, guardava-os para os palermas, os que se enfiam nas casernas do saber já bem estudado. Vazio de perspectiva deixava a gente indecisa, na corda bamba da dialéctica, que é enteada da Razão esquelética, caquéctica. Tó balançava a corda, o interlocutor, qual trapezista, em vez de lhe dar sentido, chamava-lhe vigarista. O Tó, vazio de si, metendo dó, viesse o retórico mais brindado que ele lhe dava o nó, muitas vezes cego. Dos adversários o ego, era marioneta dos discursos de Tó, o nosso amigo, que não tinha o centro de si no umbigo, como o resto de nós. Era tosco no que dizia, mas diz outras coisas a voz, diz por trás das palavras que soam… Tó, vazio de si, metendo dó
Passos ou A Condição de Amante
O passo dela era estranho, descaído, porém de alma segura. Calcorreava o passeio todas as manhãs em busca de carinho, em busca de um empurrão, qual fantasma de emoções mal mortas, era um pedestre como qualquer outro nos intervalos de si. Atenta, porém desgostosa do seu pensar analítico, era passo a passo que se construía e estrebuchava, para ser no mundo o que não era para ela. Sabia-se sensível, mas a despreocupação do seu passo transparecia um saudoso “Que se lixe!”. Era no seio da sua pessoa, na sala de reuniões do seu ser, que se discutiam os passos a dar, umas vezes previstos, outras vezes após errar, mas era de uma racionalidade tal que muitas vezes as emoções se toldavam de um nevoeiro lógico “Se penso isto então e aquilo, se vou por aqui então e ali…” o seu coração, que sabia ser fraco, ficava sem voz para falar à vontade. Desejou dizer amo-te, preciso de ti, mas a frieza com que pensava congelava-lhe o romantismo dos amores idílicos. Então colocava estes amores a ferros em jaulas de argumentos bem montados, para se convencer de que não amava e que, se amasse, era um sentimento vago que passaria num instante, enquanto o diabo esfrega o olho. O pior é que o diabo, de paixões quentes, conseguia manter um dos olhos abertos e o que esfregava tornar-se-ia num olho atento. Assim não se lhe toldava por completo a paixão nem se lhe enjaulavam os sentimentos, de forma que arranjava novos argumentos para que os passos que dava fossem seguros. “ No Amor, assim como na Vida, temos de ser rectos e calculistas”, dizia. Não fossem às vezes as emoções dos artistas e a Razão triunfaria, a lógica acabaria por aniquilar o Amor até à última gota de sangue quente que o coração bombeia. “No Amor temos de pensar, temos de ser responsáveis pela nossa condição de amantes”, argumentava. Certo, mas não prendê-lo sempre em grilhões de Razão, soltá-lo de vez em vez, para ver que sacrifícios fazemos. O Amor em passos sempre seguros demonstrará hábito, nada mais. O Amor que se solta e tropeça e cai, nas armadilhas do nosso próprio ego, é um Amor sofredor que nos vence e nos mostra até onde podemos ir, também isto são passos, também isto faz parte da nossa condição de amantes.
quarta-feira, 13 de outubro de 2004
Tempo (ou a falta dele)
Queria começar este post a dizer que a Ventoinha tinha o prazer de apresentar uma nova "rubrica" deste blog. Eu e o Marco combinámos escrever os dois sobre o mesmo tema e colocar os textos online ao mesmo tempo. Uma espécie de despique, mas sem o "pique".
O primeiro tema que escolhemos, como podem ler no post aqui mesmo abaixo foi "tempo". Ora e foi mesmo este desgraçado que não me deixou escrever o meu post em condições. Curioso, agora que penso nisso, a palavra que mais tenho associado a tempo nos últimos tempos (passo o pleonasmo propositado) é falta. A falta dele. Falta de tempo para ir beber cafe, falta de tempo para aproveitar uma esplanada, falta de tempo para o cinema e para o teatro, e muita falta de tempo para escrever sobre o tempo... Melhores tempos virão!
O primeiro tema que escolhemos, como podem ler no post aqui mesmo abaixo foi "tempo". Ora e foi mesmo este desgraçado que não me deixou escrever o meu post em condições. Curioso, agora que penso nisso, a palavra que mais tenho associado a tempo nos últimos tempos (passo o pleonasmo propositado) é falta. A falta dele. Falta de tempo para ir beber cafe, falta de tempo para aproveitar uma esplanada, falta de tempo para o cinema e para o teatro, e muita falta de tempo para escrever sobre o tempo... Melhores tempos virão!
Tempo
Perseguido por ele persigo-o também extraviado ou enganado no desígnio que julgando meu se perde no que dele é também teu. Entretido pelo quente que se faz e fez presente escorre gota a gota eminente o liquido dormente da clepsidra que vestida ou despida do preconceito dos minutos contados se repete continuamente a dar-nos presentes do devir. Imaginar que a eternidade possa estar encerrada no movimento das estrelas é relativizar o poder do que somos. Tempo é o que cada um de nós drena e absorve é o que através de nós se faz e o que nos faz a nós ser a cada milésimo de inconsciente percepção. É no Tempo que vivemos ou vive o Tempo em nós. Será a Vida do Tempo ou o Tempo da Vida?
terça-feira, 12 de outubro de 2004
Penitência
Ok, pronto, descontrolei-me. Vou parar com os posts acerca de Pedro Santana Lopes. Entusiasmei-me e não consigo parar. Penitencio-me por isso e prometo que nas próximas horas nada mais escreverei sobre o nosso primeiro. Porém, digam lá, ele próprio não funciona como um post??
Por vontade própria
Errrrr... resta-me deixar de escrever neste blog, mas saio por vontade própria e garanto que não tive pressão de seis altos dirigentes do PSD, muito menos do assessor mais directo do primeiro-ministro. Como é óbvio saio de livre vontade, mas tem é que ser jaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Direito de Resposta
Acabo de receber cinco telefonemas de assessores diferentes que fizeram saber que o primeiro-ministro pretende exercer o direito de resposta, uma vez que se sente atingido e mesmo ofendido pelos últimos posts da Ventoinha. Assim sendo, e por este blog ser lido por 7 a 10 a pessoas, está já marcada, para a próxima segunda-feira às 20 horas, uma comunicação ao país, em directo nos três canais de sinal aberto.
Compta(dores) dão cabo do país
Bom, já chega. Estive estas semanas todas à espera de ver esta manchete n´O Independente e nada. Assim sendo, a história não pode mais ser abafada. Uma das empresas mais mediáticas dos últimos tempos desenvolveu, há alguns meses, um programa não menos falhado do que o da colocação de professores. Tudo aconteceu quando Santana Lopes encomendou a esta empresa - que incoerentemente não tem logotipo laranja - um programa a que chamaram "Governo constitucional". Mas logo na primeira semana deu bronca, já que a palavra "constitucional" entrou em conflito com o sistema e 'crashou' todo o servidor. O resultado foi tão simples quanto desastroso. De uma lista de 100 amigos de Santana Lopes - previamente fornecida - o programa escolheu e colocou os ministros do actual executivo. Esta era a primeira medida do e-Government anunciado por Santana, mas os erros foram tantos que o executivo ficou maior que o anterior e até foram trocados nomes de ministérios (como o dos Assuntos do Mar). De acordo com fonte da empresa, o problema só deverá ser solucionado dentro de cerca de dois anos.
Uma perguntinha inocente...
O assessor de Santana Lopes ganha mais que o Presidente da República. Acho indecente. Ora se nenhum deles tem coragem de enfrentar o primeiro-minitro, porque têm regalias diferentes?
segunda-feira, 11 de outubro de 2004
Santana ao país
Santana Lopes falou ao país. Pela importância do facto corrijo e passo a escrever "País" com "p" maiúsculo. Confesso que estava à espera de bem pior, mas o primeiro até me conseguiu surpreender pela positiva, de tão eloquente que foi. Não posso deixar de transcrever aqui, e peço desculpa pela extensão, a parte que me pareceu realmente importante e que me deu um extremo orgulho de ser português:
"Portuguesas e Portugueses"
frase retirada do discurso ao País proferido pelo primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes
"Portuguesas e Portugueses"
frase retirada do discurso ao País proferido pelo primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes
quinta-feira, 7 de outubro de 2004
A Esquerda
Agora que Sócrates veste as luvas rosa para que, enfim, o autocarro da comitiva prossiga à moderna, isto é, pela faixa da direita, Carvalhas vai abandonar o cargo de secretário-geral do Partido Comunista Português. Das duas novas uma delas peca pela sua veracidade, a outra é de bradar aos céus.
Eis que Sócrates, que de pensador só mesmo o nome, decide apresentar-se como um senhor capaz de transformar a Esquerda numa moderníssima aliada, à guisa do sidekick (como o Robin é do Batman), da não menos moderna Direita.
Alegre, triste pela derrota, vê angustiado que Che Guevara é só mais uma T-Shirt, talvez uma cara numa cigarreira qualquer.
Soares, qual João Loureiro, chora no colo de seu papá, reclamando a sua Esquerda, dizendo que é melhor que a dos outros.
Carvalhas leva consigo muito poucas saudades, existem uns quantos abutres a querer uma Esquerda mais para o moderno, com um novo design, quiçá a curvar para o lado direito.
Se a Esquerda não é solução, a perda de ideais também não leva a lado nenhum, a não ser à confusão dos coitados, esses decadentes, os que votam.
Assim temos uma Esquerda moderna, por isso destra, triste senhora. Temos um líder que abandona. E que venha o primeiro a andar em contra-mão na auto-estrada politica, pela faixa da direita é que se anda bem.
Não esquecer que as ultrapassagens bem feitas se fazem pela esquerda.
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