(peço ao leitor que enquanto estiver a ler este texto faça um esforço para imaginar aqueles spots publicitários em que eles fazem entrevistas a donas de casa e elas comprovam a qualidade do produto)
No dia em que matei a minha mãe, porque (risos) ela não tinha metido um bolinho e um leite na minha mochila – lembro-me como se fosse hoje – senti um descanso fora do comum. Ela sabia que eu comia, e como, um bolinho a meio da manhã, e que bebo o meu leitinho sem deixar pingar. E ela punha sempre um miminho na marmita – até àquele dia (risos). Ah, verdade! Nesse dia também matei o meu pai (sorrisos). Foi tão engraçada a forma como ele se debateu: é que eu estava a experimentar a nova faca eléctrica da minha mãe e ele mandou-me para a cama e eu não gostei (risos). À minha mãe pus-lhe uns ratinhos a roerem-lhe as orelhinhas. E o sangue espirrava (sorrisos). Depois – nunca mais me esqueço – ela disse que eu tinha a camisola toda suja e eu respondi: “Pois, eu sei, é sangue do papá e do senhor do gás, aquele que estava dentro do teu roupeiro.” (risos) O senhor do gás, que engraçado (risos) não ofereceu resistência nenhuma, e eu enfiei-lhe a bicha do gás da companhia no buraquinho do cocó. (risos) É claro que fiquei todo sujo, como devem calcular: mas como disse no início da entrevista… havia algo que me descansava, e só depois percebi o que era. Por que motivo estava eu preocupado com o sujar a roupa se é tão bom sujarmo-nos? (gargalhadas)
Skip: é bom sujar-se!
Só não percebo o homem do gás: nós tínhamos gás da companhia e ele ia lá de três em três dias para entregar uma bilha nova. (risos)