Entrei n´A Capital no Verão de 2003. E foi lá que conheci o Mesquita. Um jornalista à antiga, cheio de princípios e com uma experiência que hoje se valoriza pouco, a não ser num plano meramente teórico. Lembro-me de ser um simples recém-licenciado e sentir-me tão pequeno quando falava com pessoas como o Mesquita. Fui ganhando confiança e a abertura dele sempre foi muita. Gostava de ensinar. E tinha tanto para ensinar. Percebi isso um pouco mais tarde, quando se tornou meu editor, ainda que por pouco tempo. Durante cerca de um mês, tive como editores os dois jornalistas mais experientes (e com que mais aprendi) com que me cruzei (Torcato Sepúlveda e João Mesquita). Infelizmente já nenhum deles está, fisicamente, entre nós. Não me hei-de esquecer dos fechos de edição com o Mesquita, em que o seu rigor fazia com que discutíssemos praticamente um texto vírgula a vírgula. Aprendi muito e, para toda a vida, aprendi a não ter medo de defender as minhas ideias e defender os meus pontos de vista. O Mesquita dava muita luta. Mais tarde, depois da sua saída d´A Capital tornou-se amigo. Amigo das jantaradas da Grande Lisboa, que ainda hoje sobrevivem ao fecho do jornal. E por mais que tentasse, nunca consegui aguentar mais do que ele. A pergunta do Mesquita depois de um jantar era sempre: "Onde é que vamos tomar o pequeno-almoço, camarada?". Acompanhei (acompanhámos, os da Grande Lisboa) a sua doença, os seus momentos baixos, mas também a sua vontade de estar sempre com os amigos. Estava na calha um novo jantar. Mais do que nunca terá que acontecer, em sua homenagem. Obrigado Mesquita.
1 comentário:
Obrigado, Claudinho, por me fazeres recordar os nossos GRANDES Torcato e Mesquita.
Um abraço. Aquele abraço. Haverá jantar.
Enviar um comentário